A terceira análise é sobre a palestra do Breno de Assis, da Viabile Soluções em Projetos.
Só o título já é corajoso. Gestão de Processo no caos que é o setor de construção civil no Brasil hoje, ou é uma audácia muito grande ou ele é um sonhador (ou os dois).
Primeiro, ele justifica em números a complexidade do projeto hospitalar, apenas mostrando o número de normas especificas para esse setor. Tudo bem, aparentemente é lógico que um Hospital é mais complexo que um prédio residencial, mas o aparentemente lógico nem sempre é real, então, um ponto para o Breno. Eu nunca tinha pensado em justificar dessa forma, acabei de ganhar uma linha de raciocínio para um monte de coisa.
Depois de justificar a complexidade, ele mostra que se é complexo e não tiver a gestão adequada desde o inicio, vão ter uma série de problemas no final. Uns exemplos que ele deu:
Com a gestão inadequada…
Ocorre a incidência de atrasos em cascata nos empreendimentos, devidos a fatores como:
• Indefinição de espaços técnicos;
• Ausência de detalhamento de especificações de componentes e soluções;
• Incompatibilidade entre o fornecimento dos projetos ou especificações e o prazo de fornecimento de componentes e equipamentos pouco usuais.
Você já viu isso em alguma obra?
Opa, igual a mim, em quase todas?
Isso é um problema. Pois se o Breno estiver certo (e no meu entender, ele está), boa parte dos meus problemas de atraso de obra são por má gestão, o quê, em última instância é responsabilidade da construtora (Ele não disse isso, a inferência é minha).
Após isso, dissertou sobre dois estudos de casos, onde no primeiro, houve um projeto arquitetônico feito sem entender as necessidades das demais disciplinas, o que gerou horas de trabalho de projetistas para apenas preparar as adequações, que deveriam estar aplicadas no projeto propriamente dito, o que levou a aditivos de prazo.
No segundo estudo, a construtora contratada também faria os projetos de instalações mas a arquitetura era por conta do cliente, que era o poder público. O Hospital também era para a Copa do Mundo de 2014, o que ainda gerou pressões políticas.
Novamente, houve uma dificuldade enorme na integração entre todos os envolvidos e os vários problemas ocorridos foram listados.
Ele conclui então, mostrando que esses empreendimentos não atingiram as condições originais requeridas e propões um modelo de levantamento de um programa de necessidades e uma forma de melhorar isso.
Conclui também, o que anima os empreendedores como eu , que existe um potencial grande de avanço dos estudos da gestão do processo de projetos em obras.
Foi importante? Valeu o tempo?
Sim e sim. A forma como o Breno encadeou o pensamento me deu uns insights muito legais. Ele falou também sobre Engenharia Simultânea e Lean Construction e eu sempre fico na dúvida se a gente vai conseguir fazer isso por aqui, mas, graças ao Breno resolvi colocar isso no meu radar, afinal se tem um louco que acha que pode, melhor eu tentar também.
E agora?
Agora é esperar a UFMG disponibilizar a tese dele de mestrado (a palestra foi baseada em sua tese) e convencer o Breno a apresentar essa palestra em congressos de engenharia civil e de arquitetura.
Uma resposta
Assisti a defesa da tese do Breno e realmente muitas coisas absurdas que acontecem na construção civil que são resolvidas no final da obra, seriam mais baratas e fáceis de resolver se envolvessem os profissionais adequados desde o inicio do projeto. As diversas disciplinas da engenharia, ainda não aprenderam a conversar entre si desde o inicio dos projetos, cada um fica no seu quadrado.
O Breno é um profissional altamente compotente.
Parabéns Vinicius por disponibilizar este artigo.