A palestra do Cláudio Mardegan foi realmente uma das melhores e talvez uma das mais úteis.
Ele começou a palestra nivelando nossos conhecimentos, ainda bem que ele fez isso.
Depois falou do surto atmosférico e do surto de manobra, colocou as fórmulas e fez algumas deduções sobre elas. Até aí, tudo tranquilo.
O legal começa quando ele mostra que suportabilidade a surtos de tensão do transformador a óleo é diferente do à seco.
Depois, mostra que existe diferença na corrente de corte entre disjuntores a SF6 ou vácuo, sendo que os disjuntores à vácuo mais modernos essa corrente é mais alta que no SF6, o que ocasiona surtos de tensão maiores. Ele descreve porque esses fenômenos de sobretensão ocorrem e mostra alguns históricos de queima de transformadores ocasionados por esses surtos.
Bom, mostrado o problema, qual a solução?
Ele mostra um exemplo em 13,8kV, usando o para-raios de distribuição e snubbers.
Agora, vamos por partes.
Sem olhar a NBR14039, vou olhar apenas as normas Light (RECON-MT, download aqui).
Quando o ramal de ligação é subterrâneo, o cliente que decide se coloca ou não o pára-raios.
31 – Detalhes da aplicação de pára-raios em subestação blindada
a – Quando a rede primária da Light for aérea será obrigatória a instalação de pára-raios a montante do ponto de abertura da chave de entrada (conectados junto aos terminais de entrada do cabo primário), conforme indicado nas figuras de 1 a 4 desta Seção 03.
b – Quando a rede primária da Light for subterrânea, NÃO serão utilizados pára-raios na blindada do Consumidor. Nos casos de insistência do Consumidor para a instalação de pára-raios, estes só poderão ser instalados a jusante do disjuntor de proteção geral, ou seja, no lado do barramento e a critério do Consumidor.
Primeira conclusão que eu tirei na hora. Centro do RJ, Zona Sul, tudo subterrâneo e o transformador é a seco em 99,9% dos casos. Sabe aquele trabalho do projetista de fazer o mínimo, achar que o escopo é a concessionária ligou? Pois é, se você achava que isso era só para surto proveniente de descarga atmosférica na rede da concessionária, acabou de descobrir que não é tão simples assim.
E agora, snubbers?
Pois é, pelo desenho mostrado é um capacitor em série com um resistor, ligado à terra, no lado de 13,8kV. Ele mostrou uma especificação de um snubbers (não mostrou como dimensionar) e um gráfico mostrando as medições em um transformador de 10MVA, 34,5kV, com e sem snubbers, onde se enxerga claramente o efeito dos snubbers.
Depois, ele fala sobre os impactos possíveis do snubbers no sistema elétrico e os cuidados de usar os snubbers com apenas geradores funcionando, por exemplo.
Ele termina concluindo que o problema do chaveamento na queima dos transformadores, que os a secos são mais sensíveis que os a óleo e que disjuntores a vácuos associados a cabos curtos e transformadores a seco merecem atenção redobrada.
Foi importante? Valeu o tempo?
Sim e sim. No Rj, andou tendo queima de transformadores a seco. Pessoal andou falando mal de alguns fabricantes, já comecei a ficar na dúvida. O mais divertido vai ser o dia que tentar aprovar um negócio desse na light, já estou até vendo. Tenho agora um motivo técnico para preferir o disjuntor SF6 ao à Vácuo.
E agora?
Bom, estudar mais o assunto, ou ficar atento. O Cláudio escreveu sobre isso no Setor Elétrico, os links são esse e esse.