NR-10 – Reflexões de seus 11 anos

A NR-10 fez 11 anos, e nesse ínterim, temos que reconhecer que muita coisa avançou. No primeiro dia do último ESW (Electrical Safety Workshop Brasil) diversas opiniões foram manifestadas sobre os avanços conseguidos nesse período, mas foi consenso que, sim houve avanço e que ainda existe muito que precisa ser feito.

Dispomos de um amplo arcabouço legal e normativo (NR-10, NBR5410 e suas correlatas, NBR5419, NBR14039, dentre outras), um conjunto razoável de empresas tradicionais atuando no mercado (só o RJ possui 3 empresas de instalações prediais com mais de 40 anos de mercado, e muitas outras com mais de 10 anos).

Por quê, então, as nossas instalações não estão mais seguras?

Algumas palestras, a minha inclusive, abordou a necessidade de que precisamos de uma mudança de cultura se realmente queremos ter segurança em nossas instalações. Muito se criticou sobre a falta de fiscalização, tanto em qualidade dos auditores (afinal, não é necessário conhecimento especifico em engenharia para ser auditor do ministério do trabalho, é necessário apenas curso superior) quanto em quantidade de fiscais. Nesse ponto principal divirjo de meus colegas.

O que precisamos para mudar não é mais fiscalização. O que mais fiscalização nos deu foi apenas uma fábrica de serviços que não agregam, ou são mal feitos. Sejamos sinceros, quanto de nós vimos um PPRA razoavelmente feito? E os cursos de NR-10, NR35 e NR-33? Quantas empresas fornecem esse curso de forma satisfatória? Na prática, se tornaram documentos que precisamos ter em caso de fiscalização, que não cumprem sua função, que é melhorar a segurança.

Mas, continuemos com a mudança de cultura.

Onde são formados os eletricistas? A grande maioria é formada (ou mal formada, se preferirmos) nas empresas de instalações. Normalmente, iniciam a vida profissional como ajudantes, são promovidos a meio-oficial e depois a eletricistas. Esses mesmos eletricistas depois, fazem seus “biscates” ou viram autônomos ou MEI. São eles que, na prática, farão reformas de apartamentos, instalações de lojas e pequenas indústrias, manutenção em condomínios.

Com essa realidade, realmente nossas instalações estão seguras? Ficarão mais seguras?

Por último, uma grande discussão sobre o problema de implantação da NR-10 são os custos associados a ela. Reformar uma instalação, é, via de regra de alto custo. No atual momento do país, fica muito difícil viabilizar os investimentos necessários. Mas, paremos para refletir um momento.

Quantos anos têm a NR-10? E a NBR 5410?

A última revisão da NBR5410 é de 2005. Logo, temos mais de 10 anos tanto da NBR5410 quanto da NR10. Com isso, seria justo inferirmos que toda a instalação com menos de 5 anos de executada está em boas condições. Ledo engano. E esse ponto é que talvez seja mais assustador.

Não é factível se imaginar uma instalação elétrica segura, se seu conceito inicial, que é o projeto, não está feito de forma correta.

Talvez precisemos rever nossa formação de engenheiros eletricistas e técnicos eletrotécnicos. Movimentos como o de certificação compulsória das instalações e certificação dos profissionais, apesar de bem vindos, não resolverão a primeira causa para uma instalação insegura, que é o projeto errado.

Em 2012, a edição n° 82 da Revista O Setor Elétrico já traz a opinião dos engenheiros José Paulo Cardozo e Paulo Barreto de que o problema do Brasil não é a falta de engenheiros e sim a qualidade da formação.

Como podemos almejar instalações seguras sem atacarmos esse problema?

(texto do post é anterior à rev. da NR 18)

Atualização : link para     Manual de Auxílio de Interpretação NR-10 2010 – oficial

Vinicius Ayrão

Vinicius Ayrão, carioca, apaixonado por energia elétrica, seus conceitos e práticas. Graduado em engenharia eletrotécnica, com pós em gestão de projetos e trajetória empreendedora.

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Conhecimento dividido multiplica!

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” Isaac Newton.

O nosso principal objetivo no blog é dividir e disseminar conhecimentos em instalações elétricas, solar FV, segurança em eletricidade e gerenciamento de projetos. É minha contribuição em reconhecimento a todos aqueles cujos exemplos e conhecimentos me fizeram caminhar na profissão, principalmente a meu pai, o engenheiro Luiz Venancio.