Terminando minhas análises sobre a ENIE, vai a minha palestra. Como não dá para eu me avaliar, vai um resumo.
O tema da palestra foi custos e acompanhamento de mão de obra em instalações elétricas. Confesso que quando enviei o resumo, e isso foi em dezembro do ano passado, fiquei meio preocupado. Quando chegou o prazo para a Aranda responder (março/2016) e não responderam, até desanimei. Até que em junho, responderam.
Primeiro, porque escolhi o tema? Fomos treinados (eu sou técnico desde 1993 e engenheiro em 1999, e meu pai é engenheiro, meus mentores ainda foram a velha guarda que desenvolveu esse país, logo, ainda sou meio old school) para sermos bons tecnicamente. Minha premissa era simples, eu sou competente tecnicamente, e isso é o suficiente.
Só que não. No meio do caminho você descobre que você precisa ser bom, saber vender, saber escrever, gerenciar, saber marketing, custos, contabilidade, lidar com pessoas, com o cliente e por aí vai.
O fato do país ter passado por uma bonança no setor de engenharia na última década praticamente, seguido por uma crise, colocou muita gente na rua e com uma opção de empreender. Então aquilo tudo que eles não deram a devida importância, hoje é condição necessária para sobrevivência (vale a leitura do artigo do Bruno Bachiega sobre tocador de obra aqui ). Achei que em virtude disso, esse tipo de assunto pudesse ser relevante para pequenas empresas
E a Palestra?
Comecei justificando porque que esse assunto é importante. Estamos há anos brigando por instalações mais seguras, que sigam as normas. Não se conseguirá uma instalação segura se não tivermos saúde financeira de quem executa. No momento em que o serviço sai do custo, as ações para fazer retornarem ao custo passam por alterar escopo ou qualidade. Então, para se atingir o que objetivamos, custos e acompanhamento são importantes.
Preço Final – Como fechar?
Abordo depois o orçamento, explicando que nada mais é do que o somatório de todos os gastos previstos (mão de obra, material, despesas de escritório, impostos) e ainda a previsão do lucro da empresa. Forneço uma fórmula simplificada (mais sobre o assunto de formação de preços você pode ver aqui) e um exemplo de outra fórmula, disponível na literatura técnica.
Chamo a atenção, que independente de qual método sua empresa usar para fechamento de preço, no setor de serviços, raramente não se negocia.
Então, após a negociação, se tudo correr bem, você é contratado.
Nesse ponto, saliento que na verdade o preço fechado é o valor de mercado e não o valor que você obtém na formulação. Ou seja, você tem é que fazer seus custos caberem no seu preço. Triste, mas é real.
Planejamento – Como fazer
Determino um escopo, no caso uma instalação elétrica de um prédio residencial, composto de térreo, 5 andares tipo com 8 apto por andar e 1 telhado, feito com laje convencional a alvenaria convencional.
Sugiro que o passo é dividir as etapas executivas (para os iniciados em gerenciamento de projetos, nada mais que uma EAP).
Etapas divididas, faço uma tabela dando a duração, a quantidade de homens e o custo unitário de cada um, o que, somado, me permite saber o custo previsto.
Nesse ponto passamos a ter a primeira informação, podemos comparar a previsão de orçamento com o de planejamento. Lembre-se que fechamos pelo preço de mercado, logo, é importante sabermos se estamos dentro de uma lucratividade aceitável ou se precisamos ligar o alerta vermelho.
Até o momento, apenas quantificamos as etapas, mas não dissemos quando elas ocorrerão. Nesse momento, precisamos então colocar a sequência que as etapas serão executadas, seguindo uma ordem lógico e de melhor distribuição da mão de obra no tempo. Feito isso, podemos agora saber quando as etapas ocorrerão e geramos um gráfico de gantt.
Agora, temos uma segunda informação que não tínhamos antes. O prazo previsto para acabar os serviços. Precisamos olhar agora o contrato e ver se o prazo que pretendemos atende ou não ao cliente.
Se nós temos o custo de cada etapa e quando elas acontecem, podemos plotar uma curva com os custos no tempo. No entanto, cada etapa trabalhada fará jus a uma medição do cliente, que ocorre com uma defasagem (30 dias produzindo, depois se faz a medição, emite a nota e recebe, o que vai dar mais 30 dias em média), então, também temos uma curva de receita.
Plotando no mesmo gráfico as duas curvas, podemos ver o tempo previsto que a obra fica no vermelho (ou seja, precisa de capital de giro) e a partir de que mês isso ocorre. Essa terceira informação, a necessidade de capital de giro é fundamental, pois significa que precisamos gastar dinheiro para ganhar dinheiro e você passa a saber o quanto. Se não se dispõe desse valor e precisa, por exemplo, se financiar em banco, a sua rentabilidade vai cair.
Execução – Nem tudo são flores
Após isso, simulo uma diferença entre o planejado para executar e o tempo realmente executado nas etapas iniciais, mostrando o impacto no prazo e nos custos a serem incorridos.
Conclusões
Problemas de custo vão incentivar a negligenciar o escopo, a técnica e a segurança;
Pior que ter problemas de custo é não saber que terá problemas;
As lições aprendidas ao término do serviço, servem de balizador futuro.
Planejamento e controle são fundamentais para o sucesso e perenidade dos prestadores de serviço;
O pdf com os slides pode ser baixado enie-2016-vinicius-ayrao-custos-mo e os slides podem ser vistos também aqui.