Em um momento que estamos discutindo a revisão da Resolução 482 da ANEEL (veja meu post sobre isso AQUI), vamos falar sobre o tipo de instalação que domina o mercado: a Energia Solar Fotovoltaica Residencial.
Energia Solar Fotovoltaica Residencial – Cuidados em instalações existentes
O mercado trabalha com a premissa que uma instalação fotovoltaica é simples e pode ser realizada por qualquer um.
Não concordo com isso, uma instalação fotovoltaica é um de gerador de energia elétrica, e deve ser tratado como tal.
A segurança e qualidade de um sistema de energia solar fotovoltaico está intimamente ligado às instalações elétricas onde está inserido.
Em uma série de posts — em que esse é o primeiro — , faremos análises de condições corriqueiramente encontradas em instalações residenciais, além de como ou o que fazer (e o que não fazer) nessas condições.
Residências sem quadro de distribuição
Residências que não possuam um quadro de distribuição, ou que o quadro existente não apresente condições de segurança, não nos permitem que instalemos o sistema fotovoltaico com uma “gambiarra”.
Uma instalação que apresente, por exemplo, apenas o disjuntor geral do agrupamento (esquema abaixo) torna-se um desafio para a instalação do sistema de energia solar fotovoltaica.
O que não fazer?
Vou deixar claro o que você não pode fazer.
Você não pode simplesmente chegar e aumentar a “gambiarra”, ou seja, ligar o seu sistema fotovoltaico no mesmo local de onde estão saindo os diversos condutores da residência.
O que fazer?
As instalações fotovoltaicas trazem uma grande oportunidade, a possibilidade de mostrar ao cliente a necessidade de adequação das instalações elétricas.
Na verdade, isso deveria ser mais importante do que a FV, mas deixemos essa divagação para outro momento.
Temos então, 2 hipóteses. A primeira é adequar a instalação elétrica do cliente.
Nesse caso, deverá ser instalado um quadro de distribuição, com barramento de fase, neutro e terra.
Mesmo que a residência não tenha condutores de proteção individualizados — ou seja, com o esquema de aterramento TN-C — , basta converter o esquema para TN-C-S nesse ponto.
O quadro e os disjuntores deverão, necessariamente, ser dimensionados por profissional que tenha competência legal, e, mais importante, que saiba fazê-lo.
Dessa forma, passaríamos a ter:
Ao procedermos dessa forma, além de proporcionar a redução dos custos com energia, ainda aumentamos as condições de segurança elétrica para o cliente e sua família.
“Mas é mais caro…”
Será mesmo?
Talvez pareça até você mostrar a seu cliente os números do Anuário Estatístico da Abracopel de 2018 — referentes aos acidentes ocorridos em 2017.
Mortes por choque elétrico – 627
Mortes por choque elétrico em residências – 218
Além de ajudar as pessoas, é um bom meio de demonstrar valor da sua empresa para o seu cliente (ou você acha que o “pedricista” e o pica-fio lê esse blog?).
Ok, ok, vamos à 2ª hipótese…
Não fui capaz de convencê-lo a adequar o cliente.
Sem problemas, então vamos nos limitar ao mínimo.
Você precisa garantir a segurança daquilo que você instala, afinal, todos concordamos que pelo menos a instalação precisa ocorrer corretamente.
Uma solução possível seria a instalar um novo quadro junto ao padrão de entrada de energia, fazendo sua derivação desse ponto.
Observação: Viu que coloquei DR no FV? Que tal ler um artigo de DR em FV, clicando nesse link AQUI?
Por que isso é importante?
Simples, o mercado está dando o preço sem avaliar as condições das instalações.
Sabe o que acontece quando você erra no orçamento?
Você tenta encaixar o projeto na verba, e com isso faz besteira.
Em eletricidade, nossos erros matam.
4 respostas
Realmente eu duvido meu nobre Vinícius que o “Pedricista” ou o “Zé Faísca” vão ler esse blog meu amigo rs’
Infelizmente hoje no mercado se tem uma disputa feroz de “Quantidade de Sistemas Fotovoltaicos Instalados” por parte de algumas empresas e autônomos, sendo que o coerente seria uma disputa por “Qualidade dos Sistemas Fotovoltaicos Instalados”
Parabéns pela abordagem desse post !!!
Qualidade, ah qualidade, parece que tiramos ela do dicionário nos dias atuais no Brasil. Mas, continuamos na luta por uma engenharia de qualidade.
Excelente análise.
Parabéns pela exposição e compartilhamento.
Gostaria que fizesse uma análise análoga a essa que fez para aterramentos,SPDAS,para ambientes residenciais.
Excelente Vinícius. Mais uma boa contribuição em nome da Engenharia e da Segurança. Grato por compartilhar conhecimento com a gente.
Sigo seus postos desde o “String Box CA + CC – Pode isso Arnaldo?”