Incêndio em FV – Locais Especiais

Um incêndio é, por si só, um evento perigoso. Um incêndio em FV tende a ser mais perigoso.

No dia 23/06, ocorreu um incêndio em um sistema fotovoltaico, na cidade de Mossoró/RN (notícia AQUI). Não é nosso objetivo analisar as causas ou periciar o acidente (até porque, seria impossível com fotos).

Incêndio em FV – Instalações elétricas em Supermercado?

O mercado entende que FV é tudo igual.

Boa parte dos cursos dissemina isso inclusive.

Vamos analisar a norma de instalações em local de alta afluência de público.

NBR 13570 – 1996 – Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público

Quando tratamos de locais de alta afluência de público, dispomos de uma norma que COMPLEMENTA a NBR 5410.

Essa norma, publicada recentemente (1996) possui 5 páginas.

Vejamos alguns itens importantes.

4 Condições gerais

4.1 Limitação de emprego de tensões superiores a 380 V

O emprego de tensões nominais superiores a 380 V só é permitido nos locais de serviço elétrico.

Pela foto, onde podemos ver que o local servia de estoque de bebidas, podemos deduzir que não é um local de serviço elétrico.

Os inversores instalados eram inversores de string tradicional, que tem tensão superiores a 600V, logo, não poderiam estar instalados nesse local.


4.7 Comando de emergência


Além dos meios previstos de seccionamento parcial, conforme a NBR 5410, recomenda-se a instalação de um dispositivo de comando de emergência capaz de desligar toda a instalação, com exceção dos serviços de segurança, instalado em local facilmente acessível do exterior em caso de emergência e operado apenas por pessoal BA4 ou BA5, conforme a NBR 5410.

Outro ponto importante, mesmo sendo recomendação.

Como fazer isso nessa situação?

Soluções como o Rapid ShutDown, Solaredge, micro inversor ou TIGO nos atenderia nesse ponto.

Resumo da Ópera

O mais novo acidente em FV nos mostra um caminho preocupante.

Quanto tempo até alguma fatalidade?

incêndio em FV - reflexão

Reflexão

O que está acontecendo?

Erro de Projeto? De execução? Má qualidade de equipamentos?

Azar?

Já passa da hora de se entender que FV é engenharia e como tal deve ser tratada.

#fvehengenharia

11 respostas

  1. Mais um acidente referente a energia solar..

    É complicado nesses casos tentar chegar a um mesmo denominador comum quanto as possíveis causas desses acidentes porque são inúmeros os fatores que contribuem para isso no meu ponto de vista..

    Mas como você citou sobre os cursos FV, eu considero um fator muito importante a ser observado, que alguns desses cursos de FV te passam a impressão de que FV é muito simples.. muito fácil.. qualquer um dimensiona.. qualquer um instala.. qualquer um faz.. “Basta fazer um calculo simples de lei de ohm e aplicar regra de 3” e por ai vai…

    Ai soma-se o tal curso FV que diz “Tudo é Fácil” ao desconhecimento total das normas que regem as instalações elétricas e FV, ai acontece a MÁGICA.. em um momento esta tudo normal e funcionando bem e de repente “BOOOM” a MÁGICA acontece e aparece o fogo na instalação.. isso quando a mágica não faz desaparecer seu telhado e faz reaparecer no chão entre os escombros.

  2. Surge a urgência de novo conceito técnico aos eletricistas para essas instalações, que agora trabalhara com corrente continua, corrente alternada e programação em sistema de monitoramento, e mais um profissional ainda indefinido, porem que entenda o básico de obra civil para compor essa equipe.. Por outro lado os cursos oferecidos a esses novos profissionais e outra cilada do mercado!!… Na esperança de se qualificar para esse novo mercado, e ter uma nova filosofia de vida, empresas de cursos solares oferecem o impossível, e criam uma nova profissão instalador Solar ou Instalador Fotovoltaico, e com isso as pessoas acabam comprando gato por lebre em busca de uma nova fonte de renda! Fico comparando temos uma carga horário no minimo de 236 horas, para se ter um profissional eletricista, que seja residencial, e as empresas oferecendo cursos solares para instaladores em dois (2) dias ou no máximo uma (1)semana aplicando os 3 principais conceitos, que nem cursos técnicos oferecem com tanta viabilidade, que são conhecimento em corrente alternada, corrente continua e sistema de monitoramento ( software).. Que possamos entender que o mercado cresce, se tivermos pessoas capacitadas na ponta nada adianta.. Fui por 10 anos eletricista de baixa e media tensão, e para mim sei o quanto foi difícil me capacita, hoje como engenheiro sigo de perto todas as instalações, seja de baixa media tensão ou dos sistemas fotovoltaicos, e acompanho cada passo principalmente no FV, onde nossa classe de eletricistas nunca tiveram uma cultura de trabalhar com corrente continua, sempre foi bem destinto, então o segredo e capacitação, e muito especialistas vendendo e falando, mais em obras e poucas pessoas orientando e verificando se de fato os projetos estão sendo executados dentro das normativas, que sempre rege nosso setor elétrico, afinal um sistema solar ou sistema fotovoltaico compõem se um sistema elétrico, e não a algo isolado…

  3. Boa tarde caro Vinicius Ayrão,

    Lendo sua postagem notei que está aplicando a norma NBR 13570 – 1996 ao caso do mercado na cidade de Mossoró.
    Eu discordo quanto a aplicação dessa norma neste mercado e ainda mais, no deposito de bebidas, uma vez que no item 1.2 fala:

    “1.2 Esta Norma aplica-se às instalações elétricas nos locais indicados na tabela A.1 do anexo A, ou outros locais
    com capacidade de no mínimo 50 pessoas”

    onde na tabela A.1, lê se:

    “Item: 12, Local: Supermercados e locais análogos, Capacidade Minima (numero de pessoas): 100”

    Tal mercado não é capaz nem de ter um máximo de 100 pessoas.

    Quanto ao deposito de bebidas, no item 1.4 fala:

    “1.4 Esta Norma não se aplica aos ambientes não acessíveis ao público dos locais mencionados em 1.2, como
    salas administrativas, técnicas ou operacionais e ambientes análogos.”

    Diante disso, eu respeitosamente discordo quanto a aplicação desta norma neste mercado.

    1. Jacques, Como vai?

      Tem essa observação que chamaste atenção realmente. Te deixo então um questionamento. Tensões na ordem de 800 a 1000V em CC, onde não tenho seccionamento, por condições técnicas, é, em seu ponto de vista, uma boa solução técnica?

      Continuando, o objetivo maior do post é provocar a reflexão do mercado de que é necessário o domínio e o entendimento das normas de instalações. Isso me lembrou de uma discussão antiga na construção civil, se os cabos no interior das lojas em um shopping precisavam ser de baixa emissão de fumaça, ou não.

      Eu continuo achando que devia ter uma sala técnica para esses inversores nessa condição.

      Quando ao discordar, fique a vontade, estamos aqui para todos evoluímos.

      Abraços,

      Vinicius

      1. Ops, esqueci das 100 pessoas. Será que não cabe?

        E no quesito decisão de segurança, no meu entender não influi. Acho que ficamos no mercado o tempo todo buscando soluções menos seguras, e estamos apenas aguardando um evento mais trágico para lamantarmos.

  4. Nesse ponto está a grande vantagem dos sistemas com micro inversores. Trabalha sempre com baixa tensão e a corrente é convertida em alternada logo após a saída de cada módulo fotovoltaico.

    1. Salomão, indiscutível negar que soluções de MLPE (micro inversores, Solardege ou Tigo) seriam excelentes nesse caso.

      Importante salientar que não levantamos a lebre de que se os bombeiros estavam preparados para esse tipo de evento.

      Forte Abraço

  5. Mas essas medidas não são para proteger o público em caso de uma falha elétrica ou mesmo prevenir caso haja um acidente com tal tipo de instalação? Assim, essas medidas são para proteção do público ou reativas, em caso de falha. O mercado estava fechado quando ocorreu o incêndio. Até o momento, a causa da falha é desconhecida.

    P.S.: devido a esse acidente lembrei do que você falou lá atrás, em um dos webnário que você fez, quando disse que ao falar dos perigos em fotovoltaico ficam dizendo que não podem falar mal por que é ruim para o mercado. Ocorreu várias vezes coisa semelhante em vários fóruns de profissionais da área. Tá quase um dogma.

    1. Grande Francisco, pois é. Se você não for da Seita Fotovoltaica, sai de baixo. Enquanto isso, nós vamos estudando e tomando nossas decisões para evitar que esse tipo de coisa ocorra, e se ocorrer (todos somos sujeitos a isso), que as pessoas estejam protegidas de riscos maiores.
      Forte Abraço,

      Vinicius

  6. Muito eletricista sem formação, montando MEI para poder se credenciar nos fornecedores o que acaba acontecendo essas catástrofes.
    Acredito que um filtro nos fornecedores, como é o caso da Engie que exige engenheiro civil e eletricista ligado à empresa para prestar os serviços.

    1. Nilson, eu tenho lá minhas ressalvas se o problema é o eletricista. Também contribui, mas é dever do responsável técnico, seja engenheiro (projeto) ou técnico (execução, que é permitido no RJ, pelo menos) acompanhar e verificar esses pontos. O problema é que muitos colegas acham que FV é simples e que não é eletricidade.

Vinicius Ayrão

Vinicius Ayrão, carioca, apaixonado por energia elétrica, seus conceitos e práticas. Graduado em engenharia eletrotécnica, com pós em gestão de projetos e trajetória empreendedora.

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Conhecimento dividido multiplica!

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” Isaac Newton.

O nosso principal objetivo no blog é dividir e disseminar conhecimentos em instalações elétricas, solar FV, segurança em eletricidade e gerenciamento de projetos. É minha contribuição em reconhecimento a todos aqueles cujos exemplos e conhecimentos me fizeram caminhar na profissão, principalmente a meu pai, o engenheiro Luiz Venancio.