Segurança nas instalações elétricas em canteiro de obras – Oportunidades para uma mudança de cultura

A despeito de um amplo arcabouço legal, seja pelas exigências das Normas Regulamentadoras, seja pelas normas da ABNT e pelas leis e decretos dos diversos entes da federação, os serviços de engenharia no Brasil têm entregue construções e instalações inseguras e as têm mantido nas mesmas condições inseguras.

Fatos como o rompimento de barragem da Samarco, a morte de um menino em um parque de diversões no Complexo do Alemão, a explosão de um restaurante no Centro do RJ em out/2011 e o incêndio na Boate Kiss confirmam essa condição.

Tais fatos ocorrem não só pela ausência de punição e pela leniência dos entes públicos responsáveis por aprovar, fiscalizar, interditar e punir os envolvidos, mas também pela omissão de nós, engenheiros, técnicos e arquitetos, que não nos preocupamos em esclarecer, denunciar e muitas vezes aceitar como inevitável o uso do “jeitinho” brasileiro.

A solução para que esses acidentes (se é que podem ser chamados assim) não ocorram novamente passa primeiramente para uma mudança de cultura, que não se consegue ser atingida da noite para o dia, mas é necessário se iniciar.

No tocante as instalações elétricas, uma excelente oportunidade para isso surge nas instalações temporárias em um canteiro de obras. Atentemos que a grande maioria dos profissionais de instalações não tem formação formal em instalações elétricas, sendo treinados (ou mal treinados) nas próprias empresas de instalações ou em instituições de qualidade duvidosa e dentro dessas empresas a preocupação principal é entregar os serviços o mais rapidamente possível, sem preocupação com qualidade e com a formação do profissional.

As construtoras, que contratam esses serviços, por sua vez, normalmente, não possuem profissionais especialistas em instalações elétricas e quando tem, são poucos para o número de obras, sendo impossível uma verificação profunda dos serviços entregues. Com isso, o fluxo de “confiabilidade” das instalações elétricas é:

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A última etapa do processo, que seria a verificação das instalações raramente é feita de forma satisfatória. As tentativas de se criar uma cultura de certificação voluntária não emplacaram, dessa forma, a nossa segurança está nas mãos na qualidade do projeto, do engenheiro executor e principalmente na mão de obra de execução.

Principais Falhas e Vícios

Esses profissionais, capacitados pelas instaladoras, ao saírem da obra farão serviços em residências, estabelecimentos comerciais e industriais. São eles, os primeiros a by-passar os interruptores DR´s, a trocar disjuntores por capacidades maiores sem averiguar se o cabeamento suporta, a retirar o condutor de aterramento (PE) ou executar o aterramento de forma errada.

E como melhorar?

As construtoras estão sendo razoavelmente exigidas pelo MTE, dessa forma, devem e podem melhorar a segurança elétrica no canteiro de obras. Essa melhoria trará uma mudança de hábito nos eletricistas que executam as instalações do canteiro, que ao sair da obra fazem serviços em residências, comércio e indústrias (os famosos biscates). Essa melhoria a ser perseguida pelas construtoras não trará um aumento de custos, assunto que será abordado em outros posts futuramente, e obrigará as suas instaladoras a melhorarem e por conseguinte, seus funcionários e subempreiteiros.

Vinicius Ayrão

Vinicius Ayrão, carioca, apaixonado por energia elétrica, seus conceitos e práticas. Graduado em engenharia eletrotécnica, com pós em gestão de projetos e trajetória empreendedora.

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“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” Isaac Newton.

O nosso principal objetivo no blog é dividir e disseminar conhecimentos em instalações elétricas, solar FV, segurança em eletricidade e gerenciamento de projetos. É minha contribuição em reconhecimento a todos aqueles cujos exemplos e conhecimentos me fizeram caminhar na profissão, principalmente a meu pai, o engenheiro Luiz Venancio.