Eu inicialmente pretendia seguir a ordem das palestras que assisti. Mudei porque algumas eu gostaria de copiar informações dos slides e aguardo a autorização ou não dos palestrantes. No entanto, acho que a que vai me dar mais trabalho de escrever vai ser essa.
Na manhã do segundo dia, o Carlos Alexandre Frosini Evangelista, presidente da ABGD, falou sobre Geração distribuída: oportunidades num mercado em expansão.
E o problema foi que eu não gostei, ou como diriam meus professores de marketing, ficou abaixo da minha expectativa. Vou tentar discorrer imparcialmente sobre o que ele falou e depois apresento minha expectativa e minha frustração.
Primeiro, ele vendeu o peixe. Mostrou o potencial da geração distribuída FV, a projeção de crescimento mundial, comparou o que há de capacidade já instalada no mundo e no Brasil, mostrou um gráfico potencial da atividade x atratividade dos investimentos no Pais e a excelente colocação do Brasil nesse cenário.
Você vai chegar a mesma conclusão que ele e que eu, que geração distribuída FV é um excelente negócio (na verdade, é se o governo não aprontar no futuro, mas isso é assunto para outro post).
Depois compara geração distribuída com geração centralizada, fala do potencial de geração de empregos de energia renovável, fala dos avanços de nossa legislação, chegando a Resolução 687 da ANEEL.
Mostra algumas instalações já feitas no Brasil, as inovações das resoluções 687 e da 482.
Mostra uns gráficos de potencial de tempo de retorno, um gráfico de paridade tarifária e um gráfico muito legal com as tarifas de energia sem impostos das concessionárias do país.
Continua descrevendo os potenciais (mapa de insolação), as dificuldades de geração centralizada, o número de conexões efetivadas e assim vai.
Depois fala da ABGD e da certificação dos instaladores.
E agora começam meus resmungos…
O Carlos Alexandre falou do que se propunha?
Sim, mostrou oportunidades, então, entregou o escopo. Tenho estudado nos últimos meses o assunto, então, não posso me queixar de que muito daquilo não era novidade para mim.
Achei que teve muita propaganda da ABGD, e pelo que eu me lembro eu fui instruído para não fazermos propaganda. O nome de nossa empresa vinha no inicio e no final da apresentação, e bem, indiretamente estávamos todos fazendo propaganda, mas achei que ele se estendeu mais do que devia. No entanto, essa análise é problema da Aranda, mas, cada vez que a balança para o comercial desequilibra demais, isso desanima para as próximas edições.
Meu problema começou na verdade na hora da certificação dos instaladores. Se você acompanha meus posts tanto no blog quanto no Linkedin, vocês vão reparar que eu defendo veementemente que segurança começa em um bom projeto. Certificar o instalador na execução, bom se o projeto for ruim a entrega é ruim, então, não acho que esse é o inicio, e parece que só eu que não acho isso.
Bom, eu questionei ao Alexandre sobre isso, afirmei, sem nenhum estudo que muito provavelmente a maioria dos associados da ABGD não tinham engenheiros como donos (na verdade eu falei 90%? ). Bom, a resposta dele foi que era o contrário, ou seja 90% dos associados eram engenheiros e na verdade, a parte técnica estaria ok.
Bom, meu sentimento não é que estejamos fazendo GD de forma segura. Como cheguei a essa conclusão?
Inferência. 12 anos de NR-10, 11 anos desde a ultima revisão da 5410 e bom, as coisas ainda estão muito ruins. Por que motivos justamente a GD, onde temos tensões de 600V ou mais em CC, o qual não estamos muito acostumados vai estar em bom nível de segurança?
Vamos então fazer a lição de casa.
Primeiro, a ABGD deveria se preocupar com segurança das instalações?
SIM!
Em seu site, nos primeiros objetivos temos:
Criar e difundir padrões de excelência que garantam a segurança, alto grau de qualidade e profissionalismo em todas as instalações de geração distribuída.
Bom, então nesse ponto, eu querer que eles se preocupem é justo.
Eu não tenho visto ninguém falando publicamente de segurança em instalações elétricas de FV. Aliás, o primeiro que eu vi falando disso publicamente foi o João Cunha, nessa ENIE. Se varrermos os sites de treinamento em FV, veremos que quase nenhum dá atenção a isso, no máximo se preocuparão com a NR-10 dos funcionários.
Mas, e as exigências da NBR5410? Alguém está entregando o manual operacional em linguagem leiga? E os requisitos na NBR 16274? E a NR-10, na ótica do usuário?
Acho que a ABGD perde uma oportunidade para ser mais uma voz nesse fomento à segurança e a melhoria da engenharia no país, pois a partir do momento que mostra as oportunidades mas não mostra a necessidade aos players de capacitação para que se preparem, está arriscado a fomentar um mercado que depois teremos que corrigir, pois energia solar ou a geração distribuída É UM SERVIÇO DE ENGENHARIA.
Hoje, qualquer um faz um curso de 16h ou 32h e se julga apto para projetar, vender e instalar. As empresas de treinamento não fazem exigência quanto a qualificação dos alunos. Os cursos tem sido ministrados para jornalistas, advogados, administradores, economistas, engenheiros que não eletricistas e assim vai.
Eles podem ser donos de empresas e empreendedores?
Sim, podem.
Eles podem projetar?
Ôpa, não, não podem.
Quem deve se preocupar com isso? O Crea, com certeza. As Abee´s também. A Abracopel, que dos citados é a única realmente atualmente, que faz um trabalho incessante. No fim, para mim, faltou a informação de que GD tem potencial, GD é legal, mas GD é ENGENHARIA.
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